Categoria: Geografia

Eu sou daltônico, ou seja, tenho discromatopsia.

Descobri esse diagnóstico no ano de 2002 aos 19 anos de idade fazendo exames oftalmológicos para a minha carteira de motorista. Errei todas as cores dos hot wheels que o médico me mostrou. Não me pareceu muito legal saber algo assim na época, dependia das cores para o meu trabalho. Naquele momento da minha vida eu trabalhava numa empresa de informática e já faziam 2 anos que eu tinha me formado no curso de eletricista predial e industrial do SENAI. Na formação técnica eu não conseguia identificar os resistores, mesmo usando uma tabela de cor sempre ao lado. E na empresa de informática eu demorava demais pra fazer o cabeamento dos cabos de rede RJ-45. Ficava fácil acertar as cores em RGB e haxadecimal no computador, por causa dos códigos, acabei que gostei mais de operar o PC do que conserta-lo. Trabalhar com cores sempre foi um limitante pra mim, antes do exame eu não entendia o porquê desse problema, mas lembro de ser motivo de piadas na escola. Eu não sabia a diferença entre marrom e verde, pintava o céu de roxo e pedia ajuda pra colorir um arco-íris. Na verdade ninguém sabia na escola que eu fiz o ensino fundamental como fazer esse diagnóstico. Na época da escola até eu pensava que ser daltônico era enxergar em preto e branco, e eu via as cores, só não acertava o nome. Mesmo depois do exame de discromatopsia era difícil provar que eu tinha problemas com as cores, não recebi um laudo médico.

Acabei que sai da empresa de informática e fui estudar na UFSM (Universidade Federal de Santa Maria). Indicação do meu irmão que já morava na Casa do Estudante Universitário da UFSM, escolhi fazer um curso técnico novo com o título de Geomática. Já tinha um interesse enorme pela informática e ver que podia aliar a Geografia com isso na época me empolgou bastante. Foi durante esse curso que pude pesquisar melhor sobre as cores. Acabei descobrindo o teste de Ishihara, teste que é feito com imagens para dar um diagnóstico sobre o daltonismo. Foi com ele que descobri o tipo de discromatopsia que tenho é a deuteranopia. Seguido do curso técnico no colégio Politécnico da UFSM eu conclui a graduação de Licenciatura em Geografia e e Mestrado em Geografia. Hoje na Instituto Federal de Santa Catarina, câmpus Garopaba procuro fazer o teste de Ishihara com todos os alunos. Já houve situações onde um ou dois alunos eram daltônicos e descobriram isso na sala de aula com o teste. Lembro de uns dois alunos que ficaram muito triste com isso, mas assim como eu, eles sempre tiveram dificuldades com as cores e não sabiam o porquê.

Hoje nos EUA tem óculos para auxiliar a ver as cores, ainda não testei mas me empolgo com os vídeos dos usuários que testaram e desejo um dia testar. No momento está difícil importar esse produto e ter a garantia de que é o mais adequado e isso me impede de arriscar uma forma de importar.

O slide abaixo foi produzido para ser exibido as professoras e professores das séries iniciais de Garopaba,SC e pode servir em alguma aula sobre o tema nas licenciaturas. O mesmo possui uma introdução ao tema no ensino, discussão e exemplos em imagens e links com vídeos.

Acessibilidade: Aprender com cores e os defeitos da visão cromática. (PDF)

João Henrique Quoos
Professor de Geografia do IFSC/Câmpus Garopaba